rtro.magazine 01

Gosto não se discute. Mau gosto sim. Os vestidos enfeitados de noiva que derretem os bolos de inveja, as infortunadas roupas da ‘moda jovem’ dos primos desconhecidos na época de natal, o cachecol feito pelas avós no tricô cego em frente à televisão não deixam ninguém com algum lapso rápido de razão para mentir. Mas, ainda assim, tanto nas tragédias quotidianas como na moda, é possível promover discussões sobre o gosto sem declarar embates épicos nos bastidores, arrancar cabelos pela raiz e abrir fendas geográficas em vestidos ou tentar angariar o nobel da paz este ano e apenas sorrir e concordar com a simpatia amarela de uma miss universo? Existe roupa/gosto para toda a gente e ponto final? A passarela é toda da filosofia de David Hume e este ensaio discutirá como outrora se torceram os narizes ou entortaram os cabides com as roupas da passarela – e porque os pais ainda guardam os seus anos 80‟ numa caixa lacrada no armário.

Rtro. Magazine Edição 01 ‘Sobre coisas belas e sujas’.

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2 thoughts on “rtro.magazine 01

  1. Acho que está explícito no teu magazine que o bom gosto prova-se mas o mau gosto não. “However” acho que a moda é sempre um apelo aos sentidos mas a moda aliada ao bom gosto é ainda mais uma invocação ao prazer de sentidos.
    Haverá alguma coisa na moda que está “off-putting”? Acho que sim e acho que não, e o bom gosto está em tirar partido do dentro e fora das colecções. Eu acho que é um pecado capital andarmos todos em cima das tendências. Onde está a minha, a tua, a nossa singularidade?
    Li algures que o Lagerfeld disse: “Nenhuma mulher estará muito ou pouco sofisticada com um vestido preto.” Mas será que as mulheres não podem estar bem com um jeans, uma camisa branca, uns saltos altos com bom ar ou bem rasos mas sempre com bom aspecto? Acho que sim, a graça, o bom gosto tanto se reflecte numa ousadia bem doseada como no desadorno. Sabes aquela coisa de vestir um trapo e assentar que nem uma luva? Achamos que a pessoa gastou muito dinheiro e nada? O Umberto Eco tem razão quando diz: “o hábito nem sempre faz o monge”. A postura, o trato, o olhar e toda a envolvência que aquela pessoa transmite significa para mim bom gosto e logo ausência do mesmo. Acho que uma estética sexy não tem que ser vulgar. Para mim o bom gosto radica no equilíbrio e na profusão, no tudo no e no nada bem doseado, misturado, agitado para ser bebido bem fresco.

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